sábado, 6 de março de 2010

A Linguagem dos Brasis

Alguns professores não conseguiram enfrentar uma crise, provavelmente ocasionada ainda nos seus primeiros contatos com a língua, pela norma culta gramatical da Língua Portuguesa. Assim, transferem esta crise aos alunos, ás vezes violentamente por terem "engolido" uma regra, e sem a superação deste trauma (talvez inconsciente) provocam o "engasgo" de seus alunos através do mesmo instrumento que o feriu.


Explica-se este fenômeno a partir da compreensão que a linguagem da elite tornou-se padrão aos nossos diferentes e ricos "brasis", como a nomenclatura de Monteiro Lobato para dizer, através deste termo, que no Brasil há uma riqueza peculiar na sua miscigenação de diversas culturas que o faz único, porém, permite a existência de várias nações dentro de um só país; assim, vários "brasis".


No entanto, a Língua Portuguesa representa, caracteriza ou fundamenta a identidade brasileira. Oriunda, sim, dos portugueses, porém, de forma estrita "criou asas", desvinculou-se da Europa, como tanto sonhou os escritores do modernismo e adquiriu uma identidade própria, mas diversa.

Atualmente, devido a essa padronização de uma só linguagem entre tantas, a Língua tem perdido força entre os estudantes e praticantes, como reproduziu Celso Luft, é comum e já virou ditado a equivocada frase: "Português é a língua mais difícil do mundo".


Assim, o ensino de uma das mais belas línguas do mundo, tão rica pela sua história, pelos seus vocábulos, expressões e formas, que refletem a alma brasileira e concomitantemente, a do mundo, tornou-se enfadonho e retórico quando reproduzidos num olhar ainda de colonizador, que infelizmente está intrínseco a um grande número dos professores.


Portanto, a didática, a metodologia e a epistemologia para a compreensão e explanação para o conhecimento e estudo da língua, ou ainda, a "cosmo-visão lingüística", deve ser reavaliada numaanálise sociológica e cultural da linguagem dos “brasis”, não somente de um “brasil elitizado”.

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